Escritores de Hollywood em greve por salários justos e melhores condições de trabalho na era do streaming
O Writers Guild of America (WGA) West e East votaram unanimemente a favor da convocação de uma greve, a partir das 12h01 de terça-feira, 2 de Maio. Após seis semanas de negociações com as principais plataformas e estúdios de streaming, incluindo Netflix, Amazon, Apple, Disney e outros, os argumentistas tomaram uma posição para exigir melhores salários e condições de trabalho. A greve foi desencadeada pelas respostas inadequadas dos estúdios às preocupações dos argumentistas, que dizem ameaçar a sua sobrevivência económica. Neste artigo, analisamos as razões da greve e a forma como a situação dos argumentistas de Hollywood está a mudar na era do streaming.
Necessidade de uma indemnização justa
O comité de negociação do WGA centrou-se na luta dos argumentistas contra um ataque de uma década aos seus salários, compensações, rendimentos residuais e condições de trabalho. Em particular, os guionistas exigem uma remuneração justa pelo seu trabalho em programas e filmes de grande orçamento, que geram receitas significativas para os estúdios. Querem garantir que os argumentistas possam viver e trabalhar em cidades como Los Angeles e Nova Iorque, tendo em conta a subida em flecha do custo de vida.
O impacto do streaming
A transição para as plataformas de streaming conduziu a mudanças significativas no panorama de Hollywood, mas também abriu portas à exploração. As empresas aproveitaram a oportunidade para encontrar lacunas nos contratos e pagar menos aos guionistas. Os guionistas argumentam que não é o meio em si que determina a compensação justa, mas sim a vontade dos estúdios de cumprir normas justas, independentemente da plataforma de distribuição.
Diferenças entre o streaming e a distribuição tradicional
A transição para as plataformas de streaming trouxe mudanças significativas ao panorama de Hollywood. Em comparação com a difusão tradicional, a remuneração dos argumentistas no streaming é frequentemente muito inferior. Os direitos residuais gerados pelo streaming são frequentemente uma fracção do que os argumentistas recebem pelos episódios transmitidos. Este facto pode ter um impacto considerável na estabilidade financeira dos argumentistas, uma vez que os direitos residuais têm sido uma fonte de rendimento vital durante os períodos de desemprego, permitindo-lhes sustentar-se até ao próximo emprego.
Para além da remuneração, a volatilidade das plataformas de streaming também constitui um desafio para os argumentistas. Os programas podem ser arquivados ou nunca chegar a ver a luz do dia, o que pode levar à incerteza financeira e profissional dos argumentistas.
Estas diferenças realçam os desafios enfrentados pelos argumentistas no panorama em constante mudança da indústria do entretenimento. Dado que a popularidade do streaming continua a aumentar, é essencial que os guionistas recebam uma compensação justa pelo seu trabalho, independentemente da plataforma de difusão, a fim de manterem a viabilidade das suas carreiras.
O potencial impacto da greve
Em caso de greve, a estratégia dos piquetes poderá ser diferente da da greve anterior, em 2007, devido ao aumento do trabalho à distância. Os argumentistas poderiam recorrer a piquetes virtuais organizados em plataformas como o Zoom. Embora haja menos programas nocturnos do que em 2007, espera-se que a greve tenha um impacto substancial, dado o número de programas que utilizam serviços de escrita.
Optimismo para o futuro
Apesar dos desafios enfrentados pelos argumentistas de Hollywood, os membros da Guild estão optimistas quanto ao poder do trabalho organizado. Através dos seus sindicatos, os argumentistas têm visto o impacto positivo da acção colectiva, que tem melhorado o ambiente e as condições de trabalho. A esperança é que a greve provoque mudanças significativas e garanta um futuro melhor para os argumentistas do sector.
A decisão do Writers Guild of America West e East de fazer greve sublinha a necessidade urgente de uma compensação e protecção justas para os escritores no cenário em evolução do streaming. As exigências dos guionistas de melhores salários e condições de trabalho reflectem a sua determinação em assegurar a sua sobrevivência económica e em garantir que as suas contribuições para a indústria sejam devidamente reconhecidas. Resta saber como os estúdios e as plataformas de streaming responderão à greve e se esta conduzirá a mudanças significativas que beneficiem todos os argumentistas do sector.
Os argumentistas pronunciam-se sobre a greve:
Muitos profissionais do sector e escritores recorreram às redes sociais para dar a sua opinião sobre a greve em curso e as questões em jogo. Algumas citações notáveis incluem:
Adam Conover (@adamconover):
"Esta é a razão pela qual estamos em greve. Os estúdios estão a tentar transformar a escrita num trabalho de linha de montagem. Estão a eliminar a sala de guionistas, a obrigar os guionistas a trabalhar de graça, a pagar aos guionistas da noite para o dia. Se não reagirmos, a escrita deixará de existir como uma carreira sustentável.
Aaron Stewart-Ahn (@somebadideas):
"As grandes emissoras e redes não só se recusaram a negociar muitas das nossas propostas, como a sua oferta total a todos os guionistas é de 86 milhões de dólares por ano, 48% dos quais em salários mínimos. Muitos dos seus directores executivos pagam a si próprios cerca de 30 milhões de dólares por ano, no mínimo".
David Slack (@slack2thefuture):
"O Writers Guild existe há 90 anos. Negociámos contratos com os estúdios de três em três anos. Com ou sem greve, chegámos sempre a um acordo. Se pudessem passar sem nós, fá-lo-iam. Se nos pudessem quebrar, fá-lo-iam. Não podem. Não o farão. #WGAStrong"
Scott Myers (@GoIntoTheStory):
"Como a história tem mostrado, esta greve vai acabar... porque tem de acabar. Os patrões estão cegos pela ganância, mas nós temos o poder das palavras. Os estúdios e as cadeias de televisão não podem fazer nada sem os argumentistas. Apesar dos seus sonhos de inteligência artificial, os patrões sabem-no. Mantenham-se fortes. #WGAStrong"
@sethmeyers sobre a greve dos guionistas:
"Estou convencido de que as exigências dos argumentistas não são irrazoáveis e, como membro da Guild, estou muito grato por existir uma organização que defende os interesses dos argumentistas. #WGAstrong
Estes tweets reflectem as frustrações e a determinação dos argumentistas que lutam por um salário justo e pela sustentabilidade da sua profissão. As vozes da indústria realçam o poder da palavra escrita e o papel crucial que os argumentistas desempenham na criação de conteúdos. André Pitié 02/05/2023